Eu tenho conversado com o Alexandre Meirelles há algum tempo. Ele trabalha em uma das áreas do desenvolvimento pessoal que mais me desperta interesse: relacionamentos e dinâmicas sociais.
Ainda não tive a oportunidade de estudar e aprender sob o comando dele e da equipe da Social Arts, mas penso que é apenas questão de tempo até que isso aconteça.
Nas últimas semanas começamos a conversar sobre o Project 333, um desafio minimalista que convida os interessados a vestirem-se usando, no máximo, 33 itens a cada período de 3 meses.
Visando apresentar aos participantes do desafio “Ter uma vida minimalista” as experiências pessoais de alguém que seguramente já entendeu que “menos é melhor”, nós conversamos com o Alexandre Meirelles, que forneceu respostas ricas e insights bem interessantes sobre a filosofia e a prática diária de uma vida minimalista.
Viver com menos é realmente mais fácil do que nós imaginamos?
Com certeza, mas requer adaptação. Menos é melhor. Meu insight minimalista foi quando eu comprei um Kindle (leitor digital de ebooks) e reduzi toda minha biblioteca a menos de 300g. Agora possuo por volta de 400 livros no bolso de trás dos meus jeans.
Vivemos numa sociedade consumista, que valoriza a aquisição de bens como forma de felicidade e definição do seu valor e de quem você é. Viver com menos é viver melhor, elimina todo o excesso da sua vida e lhe permite focar realmente no que é essencial, seja no campo pessoal ou no campo profissional.
Quer começar devagar? Elimine uma coisa que não é essencial para a sua vida todo dia. No final de um ano, serão 365 itens inúteis fora de sua vida.
O que o motivou a aceitar esse desafio de minimalismo? Você possui alguma idéia de quantos itens compunham o seu guarda-roupa e o seu conjunto de acessórios antes do seu início com o Project 333?
“Quanto mais coisas você tem, mais terá com o que se preocupar.” Buda
Eu sempre estou confrontando o status quo, o estado atual das coisas. Aos 28 descobri que o objetivo da vida é evoluir, contribuir para outras pessoas e, assim, tornar sua breve passagem neste mundo significativa.
Meu armário devia possuir mais de 200 itens, mas não me livrei deles de imediato. Empacotei o restante em caixas. O processo foi jogar todo conteúdo de todos meus armários e devolver apenas 33 itens para dentro. Era uma experiência para erradicar uma crença minha e ir contra todo um condicionamento social imposto.
Há quanto tempo você iniciou esse desafio e como tem sido essa experiência?
Foi uma experiência marcante. Uma prova de que eu não sou as roupas que eu visto. Você elimina o paradoxo da escolha.
“A escolha nos tornou menos livres e mais paralisados, mais insatisfeitos em vez de mais felizes. A calça que você comprou há duas semanas ainda está te fazendo feliz? O paradoxo está em que a diversidade de opções pode produzir não a liberdade, mas a paralisia.” Alexandre Meirelles
O 33 itens são uma lição: faça e aprenda na prática. Depois disso, se necessitar, traga mais alguns outros itens para sua vida, não é uma regra engessada. A experiência adquirida em possuir 33 itens vai lhe proporcionar uma estado de consciência que vai sempre julgar o que é necessário e o que é supérfluo em sua vida.
Estou neste desafio há mais de 6 meses e, confesso, não vivo com 33 itens, expandi para 40 e é disso que eu preciso.
Eu imagino que, para alguém que possua uma vida social bastante ativa, dispor de apenas 33 itens para vestir-se pode ser algo bem desafiador. Penso que manter as roupas limpas e prontas para uso quando se está fora de casa por muito tempo e por dias seguidos pode ser “logisticamente” complicado. Qual a estratégia para manter esses poucos itens (especialmente as roupas) sempre em condições de uso?
Meu trabalho exige flexibilidade da minha pessoa. Trabalho com orientação pessoal na empresa Social Arts, desenvolvendo o potencial de outros homens no ramo de relacionamentos, dinâmicas sociais e desenvolvimento pessoal ministrando treinamentos em todo o Brasil. Não há espaço para frescuras (risos).
O foco realmente está em qualidade e não em quantidade.
O segredo na manutenção de roupas limpas está nas peças coringas. Jeans não sujam facilmente e dois jeans resolvem para um mês pra mim. Usar algumas roupas que não necessitem passar e sequem rápido, as quais podem ser lavadas numa lavanderia de hotel, numa pia ou mesmo no box na hora do banho, como camisetas de dry-fit, camisas que fiquem bem amassadas, cuecas, meias etc.
Há também de se usar o bom senso. Há pessoas que vestem uma roupa, vão até a esquina, voltam e colocam determinada peça para lavar. Coloque para lavar suas roupas quando realmente estiverem sujas, assim você também contribui para o meio ambiente economizando água. Hotéis já aderiram a esta conscientização sugerindo que os hóspedes reutilizem as toalhas em suas estadias.
Quais os itens escolhidos e qual o raciocínio por trás do processo de escolha?
Jeans estonados e camisas xadrezas são minhas marcas pessoais, porém, a cada ano substituo tais peças, doando as antigas.
O projeto 333 consiste em usar somente 33 peças de roupas, calçados e acessórios por 3 meses. Roupas íntimas, roupas para fazer atividade física e roupa de dormir/ficar em casa não contam.
A ideia por trás do projeto 333 é realmente ter um armário mais minimalista/simples e uma vida menos focada em acumular ou se preocupar tanto com coisas (neste caso, roupas). Como o que eu venho tentando fazer é simplificar, minimalizar e apreciar mais a minha vida, nada me parece mais adequado que simplificar também a forma com que me visto e criar o hábito de comprar e possuir menos itens.
Eis minha lista de 33 itens:
- (3) Vestimenta Social – calça, blazer e cinto
- (3) Jeans
- (6) Camisetas
- (5) Camisas trabalho
- (4) Camisas balada
- (2) Bermudas
- (1) Óculos escuros
- (3) Calçados – 1 sapato e 2 tênis
- (1) Cinto marrom
- (2) Relógio de pulso e Anel
- (3) Casacos – Jaqueta couro e 2 tactel)
Quais as últimas considerações para os leitores do Mude.vc interessados em viver uma vida mais minimalista?
Eu sempre me pego, de tempos em tempos, me questionando: do que eu realmente preciso neste século XXI? Minha carteira, um smartphone, um notebook, algumas roupas… e de experiências significativas!
Minimalismo não é só sobre os itens que você possui, é todo um estilo de vida que se expande para ter melhores relacionamentos, melhores atividades, melhores opções etc. Enfim, melhores escolhas.
“Foque a sua vida em ‘ser’, ‘fazer’ e ‘compartilhar’. Depois de um certo grau evolutivo, o ‘ter’ se torna efêmero. Acredite em mim…” Alexandre Meirelles
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Vou fazer essa mudança, vou diminuir meu guarda-roupa hoje.
Muito bacana essas considerações…muitas vezes sabemos o que devemos fazer, mas não sabemos como. Essa matéria traz informações práticas e fáceis de executar.
Faz mais de dois meses que destralhei minha mala, sim, minha mala, já não tenho guarda-roupa desde 2001, e nem sinto falta, semana passada foi embora mais duas sacolas grandes de roupas que eu nem sabia que ainda guardava, acredita?! A vida anda cada vez mais gostosa e mais leve!
Vou encarar este desafio!
A ideia de diminuir a quantidade de roupas que tenho em um primeiro momento me amedrontou, mas olhando por outro ângulo chego a conclusão que me fará um bem danado, além do mais eu tenho roupas que não uso há um bom tempo, penso que não faz sentido acumular coisas que não usamos!
Parabenizo essa iniciativa, já fiz algo parecido por algum tempo. Não diminui meu guarda-roupa para 33 itens, mas dei muita coisa que não usava mais e passei muito tempo sem comprar nada. Com o tempo e “incentivos” de fora (lê-se: família), acabei voltando ao status quo e deixando o bichinho do consumo me devorar comprando muitas vezes coisas que não precisava.
Por muito tempo atribui a culpa do consumo desnecessário a minha família por sempre está me presentando com coisas novas ou me convencendo a comprar. Dai eu percebi que a culpa era inteiramente minha que me deixava levar e não tinha força de vontade o suficiente para dizer não.
Esse ano resolvi ser ativa novamente e tomar até algumas atitudes drásticas do tipo dizer aos meus pais: Não eu não preciso de mais roupas e se vc aparecer com mais eu vou doa-las. Com o tempo vc aprende a dialogar e explicar seu estilo de vida. É difícil, mas é a caminha e ninguém fará isso por você.
ps: ótimo texto.
Nossa, reli hoje o texto, comecei o processo há 2 meses. Agora tenho 180 peças de roupa (exceto roupa de dormir/ficar em casa). Eu só saio de casa umas duas vezes por semana então ainda acho que tenho roupas demais! Estou muito mais exigente com o que visto tendo tirado tanta roupa que não tem mais tanto a ver pra mim! Acredito que me desfiz de mais de 200 peças de roupa desde que comecei a destralhar.
São dicas e lições extremamente valiosas sem dúvidas. Até porque nossa mente sempre está condicionada a “enxergar” que para sermos “mais” felizes, precisamos “ter’ mais e mais coisas.
Comecei o projeto essa semana, só deixei de fora dessa conta de 33 os sapatos, mas pretendo reduzir o meu guarda-roupas a 33 peças básicas e praticas. To indo aos poucos, vou vender algumas roupas, outras eu vou doar. Precisarei comprar algumas peças novas (com o dinheiro que conseguir vendendo as antigas) porque algumas não me servem mais ou simplesmente não cabem nesse estilo de vida mais básico, por isso estou dando passos pequenos, quero chegar num guarda-roupas que me faça bem mentalmente, quero ir amadurecendo aos poucos a forma como me visto e me vejo.
Amei esta matéria ! E’ tudo que precisava é não sabia me sentia sufocada com meus armários…me aliviei obrigada!!!ate minha alma está mais leve…obrigada de coração…beijos mil…