A aposentadoria como nós conhecemos está em vias de ser extinta. E esse risco leva muito a gente a pensar: será que devo fazer um plano de previdência privada?
As respostas para essa pergunta geram intermináveis debates.
Uns dizem que se trata de um produto financeiro interessante. Outros alegam que é uma furada, já que você pode ganhar muito mais colocando seu dinheiro em outros investimentos.
Neste post, vamos ver em detalhes:
- O que é exatamente um plano de previdência privada
- Quais são as vantagens e desvantagens de investir em previdência privada
- PGBL, VGBL e os diversos planos de previdência privada
- Quais são as alternativas para quem não quer a previdência privada
- Como tomar uma decisão final
Como dito, o assunto é polêmico. Então deixe um comentário ao final do post se quiser tirar dúvida sobre algum ponto do texto.
O que é exatamente um plano de previdência privada
Se você já viu um comercial de plano de previdência privada deve ter uma certa visão do que se trata.
Pessoas felizes, em roupas brancas, sorrindo, com a aposentadoria garantida. Tudo porque fizeram, desde cedo, um plano de previdência junto ao banco que faz o comercial.
Como toda publicidade, essa é apenas uma visão fragmentada do assunto. Uma visão que só mostra o lado bom da coisa.
Previdência privada nada mais é do que um tipo de produto financeiro de longo prazo oferecido por instituições financeiras para complementar a previdência social.
No Brasil, os planos de previdência particular são supervisionados por um órgão do governo federal chamado Susep (Superintendência de Seguros Privados).
Em linhas gerais, ao contratar um plano desse tipo, você se compromete a depositar determinado valor (chamado contribuição) durante certo período de tempo.
Ao final desse período, você poderá receber os rendimentos do valor investido, de forma a complementar a aposentadoria que se recebe da previdência social, gerida pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social).
Além disso, quando você vier a falecer, todo o patrimônio é transferido aos seus herdeiros de forma rápida, com pouca burocracia e com vantagens tributárias.
Como tipo de produto financeiro, a previdência privada tem diversos planos.
Todos eles são apresentados pela publicidade ou pelo gerente do banco como algo bem simples. Você bota dinheiro durante alguns anos e, quando se aposentar, recebe de volta.
Isso seria muito mais fácil do que investir em ETFs, fundos imobiliários e títulos públicos, certo? Será que não há como errar?
Vantagens e desvantagens de investir em previdência privada
A vantagem dos planos de previdência privada está na simplicidade com que ele é vendido, mesmo para quem não tem uma boa educação financeira.
“Eu vou fazer uma contribuição mensal durante uns 10 a 30 anos e, quando me aposentar, o banco vai complementar minha aposentadoria”.
Essa visão não está tecnicamente errada, mas deixa de levar em consideração algumas questões. Por exemplo:
- O que acontece se eu tiver uma emergência e tiver que usar esse dinheiro antes da aposentadoria?
- O que ocorre se eu ficar desempregado e não conseguir mais contribuir mensalmente?
- Qual o custo de oportunidade de colocar meu dinheiro na previdência privada em vez de investir diretamente em ações ou no Tesouro Direto?
- Quais os tributos que vou ter que pagar em um plano desse tipo?
Essas são algumas das desvantagens do investimento em previdência privada, que raramente são levantadas por quem quer vender esse produto financeiro.
O vendedor, afinal, vai focar em mostrar as vantagens.
Cabe a você estudar os detalhes de cada plano oferecido para ver também as desvantagens. E aí poder tomar uma decisão que leve em conta todos os fatores.
Para ajudar, vamos ver os tipos de planos existentes.
PGBL, VGBL e os diversos planos de previdência privada
No Brasil, existem dois tipos principais de previdência privada: PGBL e VGBL.
O PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) permite que o valor pago à previdência privada seja abatido no seu Imposto de Renda, se o valor representar até 12% da sua renda bruta anual. Ou seja, uma média de 1% ao mês.
Por exemplo, se a soma dos seus salários, décimo-terceiro e férias no ano inteiro chega a R$ 100 mil, você pode investir até R$ 12 mil por ano (ou R$ 1 mil por mês) no PGBL.
Por isso, ele é recomendado a quem tem uma renda mais alta.
Quando você se aposentar e começar a sacar o dinheiro investido, no entanto, terá que pagar os tributos em relação ao valor total que você acumulou ao longo dos anos. E não apenas sobre os seus rendimentos.
A vantagem do PGBL é que, como você não paga o imposto de imediato, consegue deixar investido o dinheiro que iria para esse pagamento.
VGBL
O VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), por sua vez, não tem esse benefício de adiar a cobrança do imposto.
Aqui o governo tributa apenas os rendimentos, seguindo tabelas progressivas ou regressivas, dependendo do modelo que você escolher.
Por isso o VGBL é mais indicado ou para quem tem renda mais baixa (aqueles que não fazem a declaração completa do Imposto de Renda, por exemplo) ou para quem não recebe nenhum rendimento tributável.
Algumas empresas oferecem planos do tipo, como uma estratégia para reter talentos. Essa opção pode ser uma vantagem, pois geralmente as corporações pagam uma parte da contribuição e o empregado banca o restante.
A desvantagem é se você tiver que se desligar da empresa e passar a ter que arcar com a contribuição inteira ou resgatar o valor antes da hora, pagando mais por isso.
O problema das taxas
No começo do texto, falamos que os planos de previdência privada são produtos financeiros.
Como todo produto financeiro, ele apresenta alguma vantagem para quem o vende. Ou seja, para os bancos.
Em português direto, os bancos também ganham dinheiro ao vender para você um plano de previdência privada.
Uma das formas de os bancos ganharem dinheiro com isso é cobrando taxas de carregamento e de administração.
A taxa de carregamento é cobrada para que o banco faça a operação do plano. Ela pode ser cobrada no momento da aplicação, do resgate, ou de ambos.
Se puder optar, escolha pagá-la apenas no resgate. Assim pelo menos o seu dinheiro rende alguma coisa antes de o banco colocar a mão nele.
A taxa de administração é cobrada para que o banco mantenha o seu investimento ao longo dos anos. Ela, em regra, é um percentual do total do valor acumulado.
A taxa de administração nos planos de previdência privada geralmente são altas. Maiores até do que as altas taxas cobadas nos fundos de investimentos.
E isso corrói bastante os seus ganhos. Especialmente se você comparar com investimentos praticamente livres dessas taxas, como o Tesouro Direto.
Contratar um plano de previdência privada sem entender as taxas e os tributos que serão cobrados é o pior erro que você pode cometer.
A verdade é que você paga ao banco para administrar o seu dinheiro. Se você investir na sua própria educação financeira, poderá fazer os investimentos diretamente e não precisará pagar um intermediário para administrá-los.
Essa é uma alternativa a ser considerada.
Os riscos da previdência privada
Digamos que você tenha optado por fazer um plano de previdência privada junto ao Banco X.
Durante 29 anos, você deposita regularmente a sua contribuição. Faltando um ano para receber sua aposentadoria, o Banco X quebra. Vai à falência. Deixa de existir.
O que acontece com o seu dinheiro?
Em regra, ele vai se misturar com o patrimônio da instituição falida e você terá que entrar em uma fila de recebimentos. Dependendo do caso, só será pago depois que forem quitadas dívidas trabalhistas e tributárias que o banco tenha adquirido antes de falir.
Esse é um risco maior do que em outros tipos de investimentos.
Nos títulos públicos, o valor investido é garantido pelo Tesouro Nacional e as corretoras têm apenas a custódia do título. Ou seja, se elas quebrarem, basta você mudar para outra.
Nos investimentos tradicionalmente oferecidos pelos bancos, como a Caderneta de Poupança e o CDB, o Fundo Garantidor de Créditos cobre um valor de até R$ 250 mil.
Até nos fundos de investimentos de renda fixa, multimercado e renda variável o problema é menor, visto que eles têm uma personalidade jurídica própria que, a princípio, não se misturaria com a da instituição falida.
Portanto, essa é mais uma desvantagem da previdência privada que precisa ser considerada. Se for investir nisso, procure por instituições sólidas (sabendo que dificilmente você conseguirá prever a solidez de uma instituição nos próximos 10 a 30 anos).
Alternativas para quem não quer a previdência privada
Independente da sua posição sobre as sucessivas reformas na previdência social, uma coisa é certa. Não dá mais para confiar na aposentadoria tradicional como era antigamente.
Se você quer manter o seu padrão de vida depois que parar de trabalhar, precisa o quanto antes começar a juntar dinheiro.
Esse valor acumulado e investido vai gerar um rendimento que – quando aposentado – você poderá usar regularmente para manter o seu padrão de vida.
Esse é o conceito de independência financeira sobre o qual falamos no Mude.vc desde que o site estreou em 2010.
Portanto, a melhor alternativa para quem não quer arcar com os altos custos da previdência privada é adquirir uma boa educação financeira e investir, por conta própria, nas opções mais rentáveis.
Boas opções a se considerar são os ETFs (fundos de ações), os imóveis (ou fundos imobiliários) e os títulos públicos (via Tesouro Direto).
Claro que essa é uma alternativa que exige mais de você. É preciso estudar. É preciso ter a disciplina para investir mensalmente. É preciso ter o controle para não mexer no dinheiro guardado durante décadas.
No entanto, pense que se trata do seu próprio futuro. Você há de ser responsável por ele.
Como tomar uma decisão final
Os planos de previdência privada são uma opção menos rentável do que outros tipos de investimentos. Ponto.
No entanto, para quem não tem conhecimento financeiro, disciplina nem autocontrole, eles são uma opção que pode ser interessante para complementar a aposentadoria futuramente.
Se for realmente investir nisso, estude o assunto a partir de fontes independentes. Não vá perguntar ao vendedor (no caso, o banco) se o produto dele é bom. Ele só vai mostrar as vantagens.
Um fator importantíssimo é verificar a portabilidade do plano. Isso permite que você transfira seus recursos para outra instituição, caso encontre condições mais vantajosas. Além de dar um maior poder de negociação sobre o valor das taxas cobradas.
A sua decisão final deve levar em consideração esse dilema. Você prefere pagar a uma instituição financeira para administrar o seu futuro e, assim, ter menos dinheiro lá na frente?
Ou prefere tomar as rédeas? Estudar o assunto e fazer os seus investimentos por conta próprio, com conhecimento, disciplina e autocontrole durante décadas?
Já que você vai ter que estudar para escolher a melhor opção de previdência privada, por que não aproveitar e já estudar outros tipos de investimentos mais rentáveis?
Não seria possível fazer uma previdência particular e diversificar investindo em outros ativos?
Não há certo ou errado aqui. Você precisa analisar o caso e ser honesto consigo mesmo para pesar vantagens e desvantagens e tomar uma decisão.
O que não pode é ter um comportamento perdulário, não guardar nada e ter que encarar um futuro que, somado a todos os problemas inerentes ao envelhecimento, ainda enfrente extremas dificuldades financeiras.
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Gostei muito das instruções. Parabéns. Vou tomar uma atitude mas séria sobre avida financeira.
Muito esclarecedor seu artigo. Mas a minha questão agora é… como posso estudar melhor o assunto para aplicar o dinheiro? Eu sinceramente tenho interesse, mas não sei nem por onde começar.