No ano de 2014, nada menos que 64% dos brasileiros declararam estar com dívidas. Dos 36% restantes, poucos são os que conseguem guardar algum dinheiro no final do mês. A maioria vive de contracheque em contracheque.
Isso significa que a pessoa ganha um salário, digamos de R$ 1 mil, e gasta todo esse R$ 1 mil ou mais nos trinta dias seguintes. Até que venha um novo contracheque para mais uma vez encher temporariamente a conta raspada.
Esse é um risco enorme, pois se a pessoa a qualquer momento perde o emprego ou tem alguma emergência (uma doença, um acidente, uma multa), terá que se endividar ou ficar inadimplente.
Como livrar-se desse ciclo vicioso?
O primeiro passo é você saber exatamente quanto e em quê você gasta cada centavo do seu salário. O segredo para se conquistar independência financeira é, mês após mês, gastar menos do que se ganha e investir a diferença com sabedoria.
A maioria das pessoas sabe exatamente quanto ganha, mas não sabe com precisão quanto gasta.
Para mudar isso, é preciso você primeiro elaborar um orçamento doméstico detalhado e depois ir anotando cada despesa que você fizer. Assim, ao final do mês, você saberá exatamente quanto gastou.
1. Saiba exatamente quanto e em que você gasta seu dinheiro
Diferente do que afirma o senso comum, não são os grandes gastos que comprometem o orçamento. Aluguel, condomínio, água, gás, energia, plano de saúde, escola, transporte, supermercado, etc, são gastos dos quais não dá para fugir. Mas geralmente nós temos uma noção bem próxima da realidade do quanto gastamos com essas coisas.
O que não sabemos direito é quanto gastamos com coisas pequenas que surgem aqui e ali. Pão, cafezinho, cerveja, uma roupa aqui, outro ingresso de cinema ali… esses custos geralmente não computamos bem.
Você pode fazer essas anotações em um caderno ou em uma planilha, mas atualmente a maneira mais prática de fazer isso, se você tem um smartphone, é instalar um aplicativo de controle financeiro. Assim, no momento em que você fizer a despesa, é só sacar o celular do bolso e anotar.
Esses são alguns aplicativos que você pode experimentar:
Você pode até pensar que isso será um grande trabalho, um sofrimento. Como toda mudança, como toda construção de hábito, criar a rotina de anotar todos os seus gastos pode parecer trabalhosa demais no início, mas os resultados de longo prazo compensam bastante.
Para relativizar a situação, pense no que é mais sofrido para você: anotar os gastos que fizer diariamente ou viver atolado em dívidas ou sem nenhuma sobra para investir. Você escolhe.
Depois dos 30 dias iniciais, você saberá para onde está indo o seu dinheiro. E aí poderá tomar a primeira atitude prática para parar de viver de contracheque em contracheque: interromper a sangria.
2. Estanque os sangramentos
Analisa os seus gastos friamente e veja onde dá para cortar. Você dificilmente consegue baixar um custo como o do plano de saúde ou do aluguel (a não ser que mude de seguradora ou de casa), mas pode reduzir custos como refeições fora de casa, conta de energia, roupas etc.
Classifique os seus gastos do mais essencial para o menos essencial. Comece cortando os que fazem menos diferença na sua qualidade de vida ou que são mais fáceis de serem reduzidos, e depois vá avançando para os mais difíceis.
O ideal é que seus gastos jamais ultrapassem 90% do valor líquido que você recebe. Voltando ao exemplo da pessoa que ganha R$ 1.000,00, ela nunca poderá gastar mais do que R$ 900 no mês.
3. Quite suas dívidas
Com os 10% que sobrarem mês a mês depois que você fizer o ajuste, já dá para começar a construir um patrimônio que lhe dê uma certa segurança. Quando isso acontecer, você terá efetivamente parado de viver de contracheque em contracheque.
Inicialmente, você deve usar os 10% que sobrarem para ir quitando suas dívidas, caso as tenha.
Mauro Halfeld, no livro Investimentos – Como Administrar Melhor Seu Dinheiro, aponta como um dos principais erros o hábito de guardar dinheiro no banco enquanto se tem uma dívida. Isso porque os juros da dívida quase sempre são maiores do que os juros das aplicações financeiras.
Se você deve dinheiro a mais de um credor, coloque essas dívidas em ordem: primeiro as que tem maiores juros mensais e as demais em ordem decrescente.
Tente renegociar a dívida com cada um desses credores, vendo se consegue reduzir os juros. Os que conseguir, vá pagando um pouco a cada mês, sempre pagando primeiro as dívidas que tenham juros mais altos.
Depois, com o total que você deve já calculado, procure o seu banco e veja se não vale a pena contrair um empréstimo no valor total do seu saldo devedor. Isso só vale a pena se os juros deste empréstimo forem menores do que a média ponderada dos juros de todas as suas dívidas separadas.
Com o dinheiro que o banco emprestar em mãos, no mesmo dia pague todos os seus diferentes credores, quitando todos os seus débitos e ficando agora apenas com a dívida consolidada junto ao seu banco.
Apesar de você agora ter o mesmo saldo devedor, ou seja, continuar devendo a mesma coisa, terá que se preocupar com apenas um credor agora, o seu próprio banco. Além disso, você trocou um punhado de dívidas esparsas por uma dívida única mais barata, isto é, com juros menores.
Se você recebe um salário fixo todo mês, o ideal é acertar com o banco para que este percentual já seja debitado automaticamente para o pagamento da dívida no mesmo dia em que o seu salário cai na conta.
Achou muito trabalhoso?
Então mais uma vez compare isso com ficar pagando juros da dívida por todo o sempre, cheio de preocupações, sem liberdade, tendo que viver de contracheque em contracheque.
4. Construa seu patrimônio
Depois que quitar suas dívidas, você não vai voltar ao antigo padrão de gastar tudo o que ganha. Em vez disso, continuará gastando no máximo 90% do que recebe.
Só que, agora, os 10% restantes servirão não para pagar dívidas aos outros, mas sim para construir um patrimônio para você mesmo.
Se você já leu sobre juros compostos, sabe que esses investimentos mês após mês vão se transformar em uma bola de neve a seu favor.
Por exemplo, digamos que você consiga guardar apenas R$ 300 por mês. Se você guarda esses R$ 300,00 por mês embaixo do colchão, terá depois de 30 anos acumulado a quantia de R$ 108.000,00. Um pouco mais de cem mil reais.
No entanto, se você investe a mesma quantia, no mesmo período, com uma rentabilidade de 1% ao mês, terá ao final dos 30 anos nada menos que R$ 1.048.489,22. Isso mesmo, mais do que um milhão de reais!
Saber em que investir para ter uma rentabilidade de 1% ao mês, como no exemplo, pode ser algo complicado e vai além do escopo deste post. Lembre-se apenas de diversificar os seus investimentos em diversas classes (renda fixa, imóveis, ações, câmbio) e entre diversos ativos (diferentes títulos públicos, diversos imóveis ou fundos de investimento imobiliários, diferentes ações, diversas moedas).
Fazendo isso, pode até ser que leve algum tempo, mas você estará no caminho de parar de viver de contracheque em contracheque e vai ter um mundo de novas possibilidades pela frente.
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