Ricardo Semler é um dos empresários mais bem sucedidos do país. Multiplicou por 30 a empresa que herdou do pai, foi eleito duas vezes empresário do ano, foi escolhido pela revista Time como um dos 100 Futuros Líderes do Mundo e foi eleito no Fórum de Davos como um dos Líderes Globais do Amanhã. E eu nunca havia ouvido falar nele.
Até abrir a primeira página de Você está louco!, para mim o nome Ricardo Semler não queria dizer absolutamente nada. Duzentas e cinqüenta e cinco páginas depois, ele se tornou uma das figuras brasileiras que mais admiro. O motivo? Identificação. Trata-se de uma pessoa que não se contenta com o senso-comum.
O livro de Ricardo Semler é basicamente sobre isso, sobre como as melhores soluções são aquelas que fogem ao senso comum. Semler conta como implantou na Semco, uma típica empresa familiar, idéias como flexibilidade total de horários, não existência de lugares fixos de trabalho, folgas nas quartas-feiras e participação dos funcionários nas decisões e em suas conseqüências.
Embora esteja enquadrado como “Administração e Negócios”, o livro é uma verdadeira lição de vida de uma pessoa extremamente bem-sucedida. Para mim, trata-se de um complemento perfeito a O Ócio Criativo, pois o que Ricardo Semler faz é implementar na prática as teorias de Domenico De Masi e colher resultados impressionantes.
Para se ter uma idéia, depois de todo o sucesso com as medidas não-usuais na Semco, Ricardo Semler passou a atuar em outros campos. Inconformado com o método de ensino atual, criou uma escola na qual os alunos são acompanhados por um mesmo tutor dos dois aos 17 anos, aprendendo o que tiverem interesse e montando sua própria grade de ensino. Criou também o Instituto DNA Brasil que reuniu intelectuais e representantes do povo para pensar o país a longo prazo. Criou um hotel de luxo que representa o que seria o Brasil de primeiro mundo, com nossos luxos autêncicos e não os copiados de Paris ou Miami.
Por ser a autobiografia de uma pessoa extremamente bem sucedida, o livro muita vez cai no auto-elogio. Ricardo Semler percebe isso e até destaca um capítulo para explicar o que fez quando o sucesso começou a subir à cabeça: foi fazer viagens de aventuras em locais inóspitos da Terra.
Recomendo a todos a leitura desse livro, mesmo os que não tenham espírito empreendedor ou interesse por temas como administração e negócios. No mínimo, você vai sair da leitura com uma regra bastante interessante: pergunta-se sempre três vezes o porquê, em seqüência, antes de fazer qualquer coisa.
Trecho do livro de Ricardo Semler
“No mercado de ações, ou frente a conselhos em universidades, concílios de igreja ou mesmo em quartéis-generais, a tônica de quem toca a organização é sempre a mesma: mostrar resultados. O fato é que a humanidade sempre foi assim. O que há de novo? A possibilidade de estruturar nossas vidas de forma mais inteligente.
O senso comum assegura que a conformidade permite a vida em sociedade. Minha ferramenta dos três porquês me diz que essa é a receita para uma vida insossa, uma sociedade insatisfeita e uma padronização que abafa a própria alma.
Quando perguntamos por que os homens de negócios se fantasiam de terno (ora, para que se pareçam mais uns com os outros. Mas por que iriam querer ficar parecidos uns com os outros? E assim vai…).
Uma meia vida do uso dessa ferramenta tríplice tem me mostrado que a primeira resposta todo mundo tem. A nossa educação conformista dá conta disso. Aprendemos a perguntar apenas quando é a hora certa, a sentarmos por horas ouvindo bobagens e decorando-as, a sermos treinados e uniformizados ad nauseum, a desejarmos o que a sociedade nos ensina que devemos desejar. Como resultado, vamos consolidando nossas respostas e visões, a ponto de ficarmos calcificados nas nossas afirmações, no jeito de enxergar o mundo.
Confrontados com o segundo por quê, percebemos que estamos andando sobre areia movediça. Não queremos perambular por esses territórios, e nossas fragilidades se exacerbam instantaneamente. Depois do terceiro por quê em série, muito pouco permanece de pé. Nos damos conta do quão enganados estamos, por outros e pelo auto-engano que aparentemente nos serve como mecanismo de sobrevivência.”
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