O vencedor do prêmio Pulitzer, Michael Moss, dissecou grande parte das estratégias da indústria de alimentos americana para nos colocar e nos manter em um “caminho nutricional” destrutivo e degradante.
O artigo publicado por Moss no The New York Times revela que milhões de dólares são gastos anualmente em pesquisas e marketing para fazer com que os consumidores sejam viciem-se em alimentos baratos e convenientes, a chamada fast-food.
Moss investigou ativamente e entrevistou mais de 300 ex-funcionários de algumas das mais importantes empresas da indústria alimentícia americana e descobriu que a indústria de alimentos é, sim, a principal responsável pelo fato de a obesidade atingir um terço dos adultos e uma em cada 5 crianças nos EUA.
Apesar de Moss ter investigado a indústria americana nós acreditamos que as conclusões e descobertas dele também são válidas para entender as estratégia e artifícios da indústria alimentícia brasileira.
“Quer fazer os consumidores felizes? Adicione açúcar e sal.”
As palavras acima foram ditas à Moss por Howard Moskwitz, PhD em psicologia experimental e conhecido na indústria alimentícia por ser um profissional que “otimiza” alimentos, dando a ele o sabor, a textura, a cor e a embalagem ideal para atrair e reter consumidores.
Entre os grandes serviços que Howard Moskwitz prestou para a indústria está a otimização do tão popular molho de tomate, utilizado em praticamente qualquer lar dos EUA e também do Brasil. Se você verificar a despensa da sua cozinha existe uma possibilidade grande de que você encontre uma lata ou embalagem de molho de tomate por lá. Não encontrou? Isso é sensacional!
O artifício usado por Moskwitz para “otimizar” o molho de tomate foi incrivelmente simples: ele modificou a receita original adicionando duas colheres de açúcar e um terço da quantidade diária recomendada de sódio em meia xícara do molho.
“Crianças, a hora do almoço é toda sua!”
A Oscar Mayer, uma gigante americana da indústria de alimentos, fez uso de uma estratégia de marketing muito inteligente para criar um grande sucesso de mercado: o Lunchables.
Após descobrir através de uma detalhada pesquisa de mercado que a principal reclamação das mães com a alimentação dos seus filhos era a falta de tempo para preparar o almoço que eles levariam para a escola a Oscar Mayer lançou o Lunchables, uma refeição pronta contendo carne embutida, uma “imitação” de queijo, alguns biscoitos do tipo água e sal e um bombom doce.
Essa refeição contém 9 gramas de gordura saturada, que é o máximo recomendado por dia para uma criança, dois terços do total de sódio recomendado e inacreditáveis 13 colheres de chá de açúcar!
Para coroar a criação do “fantástico” produto eles o lançaram com um slogan direcionado especificamente para ao público infantil:
“O dia todo você tem que fazer o que os adultos mandam, mas a hora do almoço é toda sua!”
“É impossível comer um só!”
O cidadão americano consome, em média, 6Kg de salgadinho por ano. Levando em conta que uma embalagem de salgadinho para lanches rápidos contém algo entre 30g e 60g de produto é fácil perceber que 6Kg é uma quantidade imensa e impressionante de salgadinho.
Steven Withery, um pesquisador da Frito-Lay, empresa americana especializada em salgadinhos, explicou a Moss o que faz com que seja possível consumir uma quantidade tão grande de salgadinho: “Isso é possível devido ao que chamamos de desaparecimento da densidade calórica. Se alguma coisa derrete rápido na boca, o seu cérebro entende que não tem calorias ali e assim você consegue comer aquilo para sempre”.
O grande truque da Frito-Lay e provavelmente de todas as outras grandes empresas fabricantes de salgadinhos consiste no fato de que ela investe cerca de 30 milhões de dólares por ano em pesquisa e possui até uma máquina que simula a boca humana para realizar testes e chegar ao ponto de crocância e derretimento do salgadinho que faz com que o processo de desaparecimento da densidade calórica aconteça. É realmente um grande truque!
Contra-atacando!
Essas são apenas algumas das estratégias da indústria alimentícia para nos colocar em um caminho nutricional destrutivo. Eles contam com um enorme aparato para fazer o seu trabalho: tecnologia de ponta, alguns dos melhores profissionais de marketing do planeta, psicólogos super especializados e capacitados, toneladas de dinheiro e muitas outras ferramentas.
Nós consumidores, do outro lado do “campo de batalha”, temos o conhecimento e a nossa livre capacidade de escolha como as nossas principais armas para combater essa construção de padrões alimentares negativos.
Aqui mesmo no Mude.vc possuímos um grande número de artigos para ajudá-lo a remediar esses padrões negativos através de escolhas inteligentes. Utilize um tempo para ler e aprender com cada um dos artigos abaixo e construa a saúde de ferro que o ajudará a vencer cada um dos desafios com os quais você está comprometido:
- 3 regras básicas para iniciar uma reeducação alimentar sem erros
- Como passar de uma alimentação ruim para uma nutrição saudável, em cinco passos
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