Enquanto lia Stephen Covey e o seu excelente Os 7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes tive contato com dois conceitos que eu desconhecia e que me pareceram incrivelmente interessantes e adequados desde o primeiro momento.
Esses novos conceitos me fizeram iniciar uma reflexão profunda que começou na mesa de um restaurante pouco antes do meu almoço ser servido e seguiu comigo até o presente momento, quando então resolvi sentar e começar a escrever sobre o assunto.
Os conceitos? Ética da Personalidade e Ética do Cárater.
Assim que os conheci e comecei a entendê-los o embate Ética da Personalidade versus Ética do Cárater teve início em minha mente e então comecei a fazer pequenas e valiosas descobertas sobre a forma como costumo encarar o meu próprio desenvolvimento pessoal.
A Ética da Personalidade
Stephen Covey apresenta-se muito humano, verdadeiro e sincero desde as primeiras páginas do seu livro. Ele é um daqueles caras que, sem dúvida, podemos chamar de “guru” e ter a certeza de que pode nos ensinar muitas coisas sobre a vida.
Algumas situações embaraçosas pelas quais passou e até mesmo alguns problemas familiares pessoais são expostos com clareza ainda nas primeiras páginas e a forma de racionalizar sobre esses problemas e suas prováveis causas e soluções mostrou a mim o quão “superficial” geralmente somos ao lidar com os nossos próprios problemas e desafios.
Foi muito fácil perceber, desde o primeiro momento, que a grande maioria das pessoas – incluindo eu mesmo – lida com os problemas e desafios que a vida apresenta de acordo com a chamada Ética da Personalidade. O próprio Covey aponta os erros que cometeu em cada situação usada como exemplo ao tomar decisões e atitudes baseadas na Ética da Personalidade.
Segundo Covey a Ética da Personalidade seria e ética que valoriza a imagem pública, a atitude e o comportamento pensados de maneira estratégica e as habilidades e as técnicas que “lubrificam o processo de interação humana” com o objetivo de alcançar os resultados esperados.
Interpretei a Ética da Personalidade como a ética que valoriza os “truques”, hacks e, em um última instância, todas as técnicas e soluções fáceis e que geram resultados rápidos com um esforço relativamente pequeno.
Eu realmente gosto de conhecimentos, técnicas e ferramentas com essas características e tanto aqui no mude.vc quanto no meu blog pessoal existem vários artigos que certamente enquadram-se nos valores que constituem a Ética da Personalidade.
Segundo Covey a Ética da Personalidade ganhou grande impulso no mundo depois da primeira guerra mundial. E nos tempos atuais é fácil perceber que ela permanece em alta e crescendo.
Do outro lado temos a chamada Ética do Cárater: mais complexa, íntima e infinitamente mais difícil de ser aprendida e alterada.
A Ética do Cárater
A Ética do Cárater é a ética que valoriza as qualidades e características mais permanentes, íntimas e que, por assim dizer, constituem o alicerce sobre a qual nos “erguemos” como indivíduos.
Os seguintes princípios fazem parte da chamada Ética do Cárater: integridade, humildade, fidelidade, persistência, coragem, justiça, paciência, diligência, modéstia e, a regra de ouro, “não fazer aos outros o que não quiser que os outros lhe façam”.
É fácil perceber que a Ética do Cárater é um conceito extremamente mais profundo, difícil e complexo do que a Ética da Personalidade. A Ética do Cárater não é facilmente aprendida sob a forma de técnicas, “truques” e ferramentas que rendem resultados rápidos.
“A Ética do Cárater pode ser modificada ou aprendida apenas a partir de profunda reflexão, constante vigilância e uma enorme quantidade de paciência. Modificá-la ou aprender qualquer um dos valores que a constituem significa encarar uma jornada extenuante de observação das nossas próprias atitudes, dos nossos pensamentos e da forma como respondemos aos estímulos do mundo.”
O ponto central da questão é, no entanto, que os princípios que constituem a Ética do Cárater são primários na construção de uma vida significativa. Eu entendo perfeitamente que estou dizendo a você algo que pode lhe parecer óbvio, mas acredito que eventualmente é necessário ouvirmos alguém nos falar sobre algo óbvio para que voltemos nossa atenção à algumas coisas importantes que havíamos esquecido ou negligenciado.
“A Ética do Caráter nos ensina que uma vida proveitosa, genuinamente feliz e de sucesso só é capaz de existir quando aprendemos a integrar os princípios que a constituem ao nosso caráter mais básico e íntimo.”
Eu estou convencido de que não há um caminho mais fácil, rápido e indolor para viver realmente bem: se realmente quisermos a “vida dos nossos sonhos” trabalhar em cima dos princípios da Ética de Cárater não é opcional, mas sim obrigatório. Nesse contexto a Ética da Personalidade simplesmente atua de maneira extremamente limitada e pode nos ajudar apenas até certo ponto e em tarefas muito específicas.
Nenhuma mudança realmente profunda pode ser operada pela Ética da Personalidade.
Equilíbrio, como sempre, é o melhor caminho
“Não pretendo afirmar que os elementos da Ética da Personalidade – amadurecimento do indivíduo, treinamento em técnicas de comunicação e educação na área das estratégias da influência não sejam fatores benéficos, por vezes essenciais ao sucesso. Acredito que sejam. Mas, constituem traços secundários, e não primários.” ~ Stephen Covey
Sim, a Ética da Personalidade é de grande utilidade e eu realmente acredito que devemos continuar desenvolvendo comportamentos, técnicas e todo o tipo de ferramentas e artifícios inteligentes e engenhosos para vivermos melhor.
No entanto algumas constatações absolutamente pessoais aprendidas ao longo dos meus 28 anos de larga experiência com a vida me dizem que refletir e agir em um nível mais profundo se faz necessário. :P
Brincadeiras à parte eu sinceramente acredito que é preciso diminuir um pouco a busca desenfreada por soluções fáceis, rápidas e baseadas unicamente na Ética da Personalidade e começar a trabalhar em nossas características e princípios mais íntimos e que encontram-se na base do nosso ser.
O meu último desejo é que esse artigo pareça “cabeça” demais, pois esse nunca foi o meu objetivo para nenhum dos meus artigos e posts. Eu apenas estou concluindo que, diante dos problemas e desafios da vida, buscar sempre alternativas e soluções altamente “eficientes” e “eficazes” nem sempre é um bom negócio.
Algumas coisas simplesmente só vão passar a funcionar quando mudanças mais complexas e íntimas forem feitas. Pense nisso, eu estou pensando bastante! :)
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Ótimo post, não conhecia essas “Éticas”
A ética do caráter é sem dúvida primordial, Você pode usar sempre uma ferramenta para resolver seus problemas, porém você irá precisar sempre de uma ferramenta nova para lidar com os outros problemas que se procederem, mas se você aprender a lidar com os problemas estes não será mais problemas.
É, Felipe, esses são conceitos muito complexos que eu acabei de conhecer a ainda estou tentando entendê-los com mais profundidade.
Mas uma dúvida não há: a Ética do Cárater é capaz de operar mudanças mais profundas e duradouras em nós.
Me parece que o caminho é realmente fazer com que ambas as éticas trabalhem em sinergia. E esse é um caminho difícil! :)
Estou lendo o livro “Os 7 hábitos das pessoas altamente eficazes de Stephen R. Covey, e também me tocou muito a questão da Ética da Personalidade e a Ética do Caráter. Para que nossa evolução aconteça realmente se faz necessário termos A Ética do Caráter como a grande ferramenta de aprendizado