À minha direita, havia uma brilhante Ferrari vermelha. À esquerda, uma McLaren laranja. Em frente, o cassino mais famoso do mundo. E em minhas mãos, um Big Mac mordido e meia Coca-cola.

Mônaco, o segundo menor país do mundo, é um dos lugares com o mais alto custo de vida do mundo. Tanto que eu ia passar apenas um dia lá e fiquei com receio de não ter onde comer. Mas o McDonalds a todos salva.

Havíamos chegado cedo, depois de uma curta viagem de trem a partir de Nice, na França. Menos de 20 minutos depois, já estávamos desembarcando no Principado de Mônaco só para descobrir que, apesar de minúsculo, não é um bom lugar para se visitar a pé.

O sol estava castigando e, com exceção da marina, tudo o que tinha para ver de legal em Mônaco estava no alto de colinas e ladeiras: o cassino de Monte Carlo, a ópera, o Palácio do Príncipe, o Museu Oceanográfico de Jacques Costeau, até a famosa curva do Grand Hotel.

Aliás, é justamente por ser uma espécie de rochedo projetado sobre as águas do mar Mediterrâneo que o lugar hoje chamado Mônaco foi habitado e serviu de refúgio a várias populações desde a Antiguidade.

Com sol forte, pouco tempo e muitas ladeiras, o jeito foi embarcar em um daqueles ônibus Hop-On, Hop-Off por 20 euros e assim conseguir ver tudo o que o Principado tinha a oferecer em um período de mais ou menos 12 horas por lá.

O resultado você vê no vídeo abaixo e no restante deste post :)

https://www.youtube.com/watch?v=tMp2Jpfqm2o

Continue lendo para saber o que fazer em Mônaco em um dia, incluindo:

  • A visita ao Palácio do Príncipe
  • O cassino mais famoso do mundo
  • O Museu Oceanográfico de Jacques Costeau
  • Os carros e barcos de Mônaco

O Palácio do Príncipe de Mônaco

Palácio do Príncipe de Mônaco

O melhor lugar para começar a sua visita a Mônaco é pelo Palácio do Príncipe, a residência oficial da família Grimaldi, fundadora e única regente do Principado desde 1297.

Diferente de outros palácios da Europa, neste aqui Sua Alteza Sereníssima Príncipe Alberto II e a família real moram mesmo no edifício. Se por um lado isso é positivo, por outro restringe a circulação de turistas e visitantes a uma pequena (bem pequena mesmo) parte do castelo.

A visita toda dura cerca de 30 minutos e você não pode tirar foto nem filmar lá dentro. Não que haja muita a coisa a ser filmada: o palácio é bonito, mas nada deslumbrante, e a exposição de peças também não é das mais atrativas.

O mais interessante é saber como, lá no século XIII, naquele mesmo lugar, essa mesma família Grimaldi colocou a primeira pedra do castelo e decidiu declarar que aquelas terras seriam soberanas em relação à República de Gênova.

A família Grimaldi era rica e influente. O chefe da família, Fulco del Castello, conseguiu do Sacro Imperador Romano-Germânico a soberania do território que rodeia o rochedo de Mônaco.

A estratégia dele para atrair uma população para o novo país foi bastante inteligente: oferecer terras e isenção de impostos. Até hoje o principado é conhecido por ser um paraíso fiscal, atraindo milionários de todas as partes.

Mas é claro que nem tudo foi em paz e o território sempre foi alvo de tentativas de reconquistas, primeiro pelos genoveses, depois pelos franceses. Durante a Revolução Francesa, o território foi finalmente anexado pela França.

Só depois do Tratado de Viena, em 1860, Mônaco reconquistou sua soberania. Três anos depois, inaugurou seu primeiro cassino, que se tornaria um dos marcos do lugar.

A pressão por um filho

Estátua do Príncipe Albert de Mônaco

Estátua do Príncipe Alberto I, que quase ficou sem neto…

Em 1918, França e Mônaco firmaram um tratado curioso, para definir como esses dois estados conviveriam em harmonia.

Nesse acordo, ficou definido que a política de Mônaco estaria alinhada à da França, da mesma forma que os interesses militares e econômicos.

O fato mais curioso é que o tratado definia que, caso a família Grimaldi não continue a sua linhagem, o principado seria absorvido pela França!

Ou seja, se nascesse algum Príncipe estéril, ou um acidente matasse a família real, ou qualquer coisa do tipo, não só a família Grimaldi acabaria, como o próprio Principado deixaria de existir.

Você deve estar achando que isso seria muito difícil de acontecer… mas aconteceu!

O Príncipe Alberto I teve apenas um filho, Luís Grimaldi, e mesmo sabendo desse tratado o desgramado só foi se casar aos 76 anos! Três anos antes de morrer, e não teve filho com a esposa.

Mas, no melhor estilo Game of Thrones, ele teve uma filha bastarda com uma “cantora de cabaré”, para usar os termos que vi lá no Palácio do Príncipe.

Essa menina foi reconhecida às pressas e acabou se tornando Sua Alteza Sereníssima Carlota Luísa Julieta Grimaldi. Ela casou-se com o conde Pierre de Polignac, que aceitou trocar o seu sobrenome para Grimaldi e assim permitir a continuidade da família e do Principado.

Bem depois desse momento tenso, em 2002, França e Mônaco firmaram um novo tratado. Agora, se a família Grimaldi acabar, o principado continuará como nação independente em vez de ser revertido a território francês.

Grace Kelly, Princesa de Mônaco

Homenagem a Princesa Grace

Homenagem a Grace Kelly no Jardim de Saint-Martin

Outra história curiosa da família real de Mônaco é a do casamento de Grace Kelly com o Príncipe Rainier III.

Grace Kelly era uma das atrizes mais bonitas e talentosas da sua época, tendo inclusive vencido o Oscar de melhor atriz por sua atuação no filme Amar é Sofrer (The Country Girl), de 1954.

No mesmo ano em que ganhou o Oscar, ela conheceu Rainier Louis durante uma sessão de fotos no Festival de Cinema de Cannes, na França. Já no segundo encontro, ele a pediu em casamento.

Menos de um ano depois, eles já estavam casados, ela era Princesa e teria que abandonar para sempre sua carreira de atriz de Hollywood.

Aos 52 anos, o carro em que a Princesa Grace estava derrapou nas ruas de Mônaco e caiu de um dos vários despenhadeiros que existem por lá. Ela morreu deixando o marido e três filhos.

O corpo da Princesa Grace está sepultado na Catedral de São Nicolau, que fica relativamente próxima (e descendo) do Palácio do Príncipe. Em uma praça que fica em frente à igreja existe uma estátua em sua homenagem.

O cassino mais famoso do mundo

Cassino de Monte Carlo, Mônaco

Mesmo tendo apenas dois quilômetros quadrados de área, Mônaco é divida em dez bairros. O mais luxuoso deles é Monte Carlo, que em 2009 foi apontado como o metro quadrado mais caro do mundo (47.578 dólares), mais que o dobro da segunda colocada, Moscou.

É em Monte Carlo que se encontra o Cassino de Monte Carlo, o mais famoso do mundo.

Pelo que pude notar, todo o distrito de Monte Carlo gira ao redor do cassino, que é uma espécie de centro não formal da localidade. O prédio do cassino é realmente lindo, com a famosa arquitetura do final do século XIX (a chamada Belle Époque).

Quando cheguei por lá, as portas ainda não estavam abertas (o horário de funcionamento é a partir das 14h), mas uma grande fila já se formava do lado de fora, basicamente por turistas de chapéu e câmeras penduradas no pescoço.

Dizem que à noite é que chegam os figurões de smoking e Ferrari para jogarem fora em uma hora o que 90% da população do mundo não ganha em um mês de trabalho.

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Encarei a fila a contragosto, mas quando chegou nossa vez de entrar descobrimos que era preciso pagar mesmo se não fôssemos jogar. Demos uma espiada e desistimos de entrar…

Voltamos a pegar o Hop-On, Hop-Off e seguimos vendo as atrações do local, incluindo a famosa marina e o surpreendentemente pequeno e acanhado estádio do AC Mônaco. A parada seguinte foi no Museu Oceanográfico.

Museu Oceanográfico de Mônaco

Uma das vantagens de ser rico como Mônaco é poder conceber algumas excentricidades. O prédio do Museu Oceanográfico de Mônaco é uma delas.

Ele foi construído em 1910 por iniciativa do Príncipe Alberto I e fica insanamente sobre o mar, como se se projetasse para o Mediterrâneo:

Museu Oceanográfico de Mônaco

Por motivos de horário, cansaço e bolso, não tive oportunidade de entrar no Museu, que é conhecido por ter sido dirigido durante anos pelo lendário marinheiro-inventor-cineasta Jacques Cousteau.

Em vez de entrar, acabei explorando os arredores do museu, onde encontrei o memorial em homenagem a Grace Kelly no Jardim de Saint-Martin (essa área verde à frente do museu na foto acima).

Atravessando a rua no Jardim de Saint-Martin, chega-se à Catedral de São Nicolau, onde a Princesa Grace está enterrada. A igreja é bonita, mas se compararmos com outras catedrais europeias e se levarmos em consideração todo o luxo de Mônaco, ela é até bem modesta.

O curioso é ver dentro da Catedral não apenas imagens de homens santos, mas também estátuas de membros da família Grimaldi, como a estátua do Príncipe Alberto I.

Os carros e barcos de Mônaco

Não podia terminar este post sem falar um pouco sobre os carros e barcos de Mônaco. Preciso confessar que não sou admirador nem de um nem de outro. Para mim, carro é apenas um utilitário para me levar para lá e para cá. Idealmente, eu nem teria um. De barcos, então, passo longe.

Mesmo assim, não dá para não se admirar com os brinquedos que podem ser vistos a todo instante nas ruas e na marina de Mônaco. É um mais chamativo do que o outro e, quando você acha que chegou ao auge, logo passa outro para superar.

Além disso, o Grande Prêmio de Fórmula 1 parece estar bem entranhado à cultura do local. Hotéis foram construídos de forma a servirem de arquibancada de luxo ao longo do circuito de rua, pistas de kart são vistas na cidade, e muitas homenagens.

Nas minhas andanças por lá, topei com pelo menos três estátuas de carros de Fórmula 1, incluindo uma em homenagem ao pentacampeão argentino Juan Manuel Fangio.

Achei que encontraria alguma em homenagem a Ayrton Senna, piloto que até hoje detém o recorde de vitórias no GP de Mônaco, com seis primeiros lugares. Mas, pelo visto, não existe nenhuma…

Conclusão: vale a pena visitar Mônaco?

Mônaco é um lugar diferente, mas decidir incluí-lo ou não no roteiro da sua viagem depende muito do seu estilo.

Se você é daquelas pessoas que curte badalação, luxo, riqueza, monarquia, então Mônaco é o lugar para você estar. Só prepare o bolso, pois tudo no lugar parece ser caríssimo. Eu só gastei um Big Mac e uma passagem de ônibus, mas vi que o povo ali não está para brincadeira.

Já se você acha tudo isso uma cafonice sem fim, então só vale a pena ir a Mônaco se houver um dia livre no meio da sua viagem que já esteja passando por ali.

Eu vim de Nice (cidade francesa com aeroporto) e, de lá, o trem levou apenas 15 minutos para chegar. Outras cidades próximas são Cannes, Marselha e Gênova. Paris fica a 954 quilômetros.

Resumindo, a não ser que você seja da turma do luxo, creio que não vale a pena programar-se só para ir até lá. Visite Mônaco apenas se for o caso de um encaixe de oportunidade. E passe no máximo dois dias por lá, que vai dar para ver tudo.

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Walmar Andrade

Walmar Andrade é um advogado, programador e jornalista que estuda a relação entre Direito Digital, Tecnologia e Comunicação. Pós-graduando em Direito Digital (UERJ), tem pós-graduação em Direito Legislativo (IMP-DF), MBA em Planejamento, Gestão e Marketing Digital (FECAP-SP) e Master en Comunicación Empresarial (INSA-Barcelona). Escreve também no site walmarandrade.com.br

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