Eu confesso. Havia deixado a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, de lado.

As manifestações durante a Copa das Confederações no ano anterior, somadas ao histerismo da imprensa sobre o caos que seria a infra-estrutura do Brasil durante o mundial me fizeram desistir de ver algum jogo no estádio. Antes de começar, já estava resignado a acompanhar somente pela televisão.

No máximo, iria a algum jogo em Brasília caso fosse sorteado no complicado sistema de venda ingressos no site da Fifa. E isso só por gostar muito de futebol.

Corta para a final da Copa. Acabei indo a quatro – quase cinco – jogos, em mais de uma cidade, incluindo um bate e volta de ônibus para assistir ao maior vexame da história da Seleção Brasileira.

Hoje, dá para dizer que venci o desafio de Ir a uma Copa do Mundo. E a Rússia é logo ali…

1×0: o futebol ajudou

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Uma das grandes razões para tamanha virada foi que o futebol ajudou. E ajudou bastante!

A Copa de 2014 teve uma das maiores médias de gols da histórias dos mundiais. Também teve partidas emocionantes, histórias com
reviravoltas incríveis como a do uruguaio Luis Suárez, dramas como a lesão de Neymar, atos inusitados como a entrada do terceiro goleiro da Holanda só para pegar pênaltis…

Além disso, o caos previsto pela imprensa durante longos sete anos não chegou nem perto de acontecer. Com isso, comecei minha jornada pela busca de ingressos. E na terceira rodada da primeira fase, fiz minha estreia em Copas do Mundo.

2×0: Brasil e Camarões, na trave

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O terceiro jogo da Seleção Brasileira na Copa do Brasil seria justamente em Brasília. Mas conseguir ingresso era missão quase impossível.

Na noite da véspera da partida, uma mensagem de celular trouxe esperança. Um camaronês vindo dos Estados Unidos teria um ingresso
sobrando e o estava vendendo por 700 dilmas.

Minha esposa entrou em contato e saímos correndo para o aeroporto, tentar achar o camaronês. Depois de momentos de suspense com um sumiço não previsto, eis que ele aparece, mas só com um ingresso.

Cavalheiro que sou, nem discuti que quem iria era a esposa. Deixei-a no estádio e fui para casa ver sozinho, pela televisão, aquela que acabou sendo a melhor exibição da Seleção na Copa.

3×0: Portugal e Gana

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Ok, o jogo não era lá essas coisas, mas finalmente fiz minha estreia na Copa do Mundo. Os dois times tinham chances remotas de
classificação, e não estavam entre aqueles que mais empolgavam durante a Copa.

Mesmo assim, estava em campo o melhor jogador de futebol do mundo (segundo a Fifa), Cristiano Ronaldo. Ele até marcou um gol, mas não teve uma atuação digna da reputação que carrega.

4×0: França e Nigéria

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Já nas oitavas-de-final, com jogo eliminatório, a Nigéria tentaria parar a excelente França, que foi uma das melhores equipes da primeira fase.

A equipe africana havia engrossado o caldo contra a Argentina de Messi na primeira fase, mas não conseguiu parar os franceses, em tarde inspirada do meia Pogba.

5×0: Argentina e Bélgica

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O nível dos jogos a que eu assistia vinha numa crescente. Agora estávamos nas quartas-de-final e Brasília havia sido invadida por
milhares de argentinos enlouquecidos com o time de Messi e Di Maria.

Pela primeira vez, o clima no estádio não era de festa. Era clima de partida decisiva de futebol mesmo, com torcedores organizadamente entoando gritos de guerra. Apesar da rivalidade, devo reconhecer que a Argentina trouxe para a Copa a melhor torcida, ou no mínimo a torcida que mais entende o que é um jogo de futebol.

Eu estava torcendo pela Bélgica, inclusive fui de vermelho e amarelo ao estádio. O ingresso era para ficar sozinho e quando achei minha cadeira, me vi rodeado de argentinos por todos os lados.

Tive que ficar quieto no meu canto, torcendo para Hazard ou Fellaini calarem aquelas milhares de vozes hermanas, mas não teve jeito. A Argentina abriu o placar logo no começo do jogo e segurou o 1×0 até estar classificada para as semi-finais.

6×0: Brasil e Alemanha

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Acordada nas madrugadas, minha esposa conseguiu o ingresso pelo site da Fifa para vermos a semi-final entre Brasil e Alemanha. Negociamos uma folga no trabalho e partimos, na noite anterior, para a rodoviária de Brasília, para pegar um ônibus que levaria quase 12 horas para chegar até Belo Horizonte.

Sem hospedagem na capital mineira, mas com alguns amigos por lá, acabamos conseguindo um banho e partimos para o estádio. Para falar a verdade, eu achava desde sempre que daria Alemanha, por ter mais time. Mas achei que seria um jogo duro, coisa para no máximo dois a zero.

Neymar, melhor jogador brasileiro, já estava fora da Copa por conta da joelhada que tomou nas costas na partida contra a Colômbia. O zagueiro e capitão Tiago Silva também estava fora por ter tomado segundo cartão amarelo. Assim, as chances de o Brasil bater a Alemanha eram mínimas. E, para piorar, Felipão escancarou o time escalando Bernard em vez de adicionar mais um meia.

Eu só havia ido para um jogo da Seleção Brasileira na vida, e nunca havia presenciado o hino cantado à capela. A torcida pegou aquela empolgação iniciou e empurrou o time nos primeiros minutos. Não houve um segundo de silêncio.

Até o primeiro gol da Alemanha. E o segundo. E o terceiro, quarto, quinto. Quando o juiz apitou o final do primeiro tempo – 5×0 para a Alemanha – ninguém parecia acreditar no que estava vendo.

O clima do estádio mudou completamente. Só no setor onde eu estava, muitas cadeiras ficaram vazias depois do intervalo. Começaram a surgir as brigas.

Combinei com as pessoas que estava comigo que sairíamos antes do final se o clima continuasse daquele jeito. Na verdade, só piorou. Quando a Alemanha meteu o sexto – e ficou claro que ela estava tirando o pé do acelerador – decidimos partir.

Ainda havia uma longa viagem de mais 12 horas de ônibus para retornar a Brasília, direto para o trabalho. No caminho até o ônibus, soubemos do sétimo gol da Argentina e do único gol brasileiro. Mas a essa hora já estávamos discutindo quem seria o novo técnico da Seleção…

7×0: Rússia

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O clima da Copa do Mundo é diferente de qualquer outra coisa. No Brasil, não houve tantos estrangeiros quanto nas outras Copas, principalmente aquelas disputadas na Europa, até pela própria geografia do Brasil.

Mesmo assim, do lado de fora, é muito interessante ver gente de tantos lugares diferentes, até mesmo gente vestida ou pintada com cores de países que estavam bem longe da Copa do Mundo. Espero que as fotos que tirei tenham conseguido passar um pouco disso.

Com tudo isso, já surgiu a vontade de vencer um desafio maior: ir para a Copa do Mundo na Rússia, em 2018. Alguém aí encara?

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Walmar Andrade

Walmar Andrade é um advogado, programador e jornalista que estuda a relação entre Direito Digital, Tecnologia e Comunicação. Pós-graduando em Direito Digital (UERJ), tem pós-graduação em Direito Legislativo (IMP-DF), MBA em Planejamento, Gestão e Marketing Digital (FECAP-SP) e Master en Comunicación Empresarial (INSA-Barcelona). Escreve também no site walmarandrade.com.br

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