A era da informação e as mudanças que esta acarretou na sociedade fizeram a demanda por aprendizado crescer de modo astronômico.

Primeiro, houve um aumento impressionante na quantidade de informações que precisamos processar diariamente — segundo um estudo feito pela Universidade do Sudeste da Califórnia, somos expostos a quatro vezes mais informações do que há 30 anos.

Segundo, a competição crescente no mercado de trabalho exige aprendizado constante. Isso se inicia cedo em nossas vidas, quando temos que passar em um vestibular, continua nas provas da faculdade, e também está presente quando já somos profissionais, na busca por uma certificação, preparação para concursos públicos ou no estudo de uma língua estrangeira. Isso nos mostra que partes cada vez mais importantes de nossas vidas dependem do aprendizado.

Ainda assim, como sociedade, nós ainda não aprendemos de modo eficiente. O que mudou na forma de estudo nos últimos 10 anos? 50 anos? 500 anos? Praticamente nada.

Aprendizado Acelerado

Apesar do notebook e da tecnologia, continuamos estudando como há 50 anos… (Foto: Alessandro Valli)

Estudamos do modo como aprendemos com nossos pais, colegas de classe e professores, usando o processo do jeito que eles sempre fizeram. Podemos ter acesso a mais conteúdo, especialmente os multimídias (imagens, videoaulas, audiolivros) por meio da internet. Contudo, na hora de estudar, há algo diferente do “feijão com arroz”: leitura, decoreba e exercícios?

Um dos motivos para fazermos as coisas do jeito que sempre fizemos (uma tendência chamada de viés do status quo) é que seres humanos não são automaticamente estratégicos.

Em termos evolutivos, nosso cérebro está perfeitamente adaptado à realidade de 10~20 mil anos atrás: caça, defesa contra animais selvagens e vida na floresta. Não é nosso estado natural planejar a melhor maneira de realizar cada atividade; por isso, se agimos sem pensar a respeito, obtemos resultados longe dos melhores possíveis e não nos questionamos como melhorar. Isso é o que se passa com o aprendizado. Não fomos treinados a buscar o modo ótimo de aprender, por isso nos limitamos a utilizar métodos antiquados e, francamente, de baixos resultados.

“O que você entende, você pode comandar e isso é poder o suficiente para caminhar sobre a Lua” ~ Eliezer Yudkowsky

Durante o Ensino Médio, eu tinha dificuldade com as matérias “decorebas”, geografia e história. O volume de conteúdo era muito grande e, como eu não sabia o que fazer para processar tudo aquilo, costumava ter um rendimento medíocre nessas disciplinas.

O terceiro ano do Ensimo Médio foi o ponto da virada, já que eu precisava lidar com esses problemas para entrar numa universidade pública (não tinha como pagar uma particular), pois o vestibular era (e ainda é) bastante concorrido. Resolvi ir atrás de métodos melhores de estudo para contornar esses conteúdos decorebas.

O que encontrei foi, ao mesmo tempo, uma boa notícia e uma surpresa. De fato, descobri que existe uma forma diferente de pensar sobre aprendizado, com técnicas interessantes disponíveis (algumas promovendo melhoras comprovadas de 350%). O que me deixou surpreso foi como pouca gente discute a respeito: a área acadêmica continua realizando pesquisas e aprofundando o entendimento sobre o aprendizado, enquanto nas salas de aulas os estudantes utilizam métodos ultrapassados.

Mesmo sendo inocente na época e sem mergulhar muito a fundo, as experimentações que realizei e as mudanças no modo de estudar me permitiram lidar com o problema das disciplinas decorebas. De modo tão bom, inclusive, que veio a me surpreender: consegui aprovação com três primeiros lugares no vestibular e pude escolher para qual universidade ir.

Desde então, tenho aplicado esses princípios em várias áreas da minha vida, o que abriu oportunidades incríveis, desde atuação em startups, passando pelo desafio de aprender espanhol em 30 dias, até trabalhos em instituições filantrópicas.

Eu compartilho esse conhecimento constantemente e recebo frequentemente emails de pessoas que aplicaram esses princípios e obtiveram resultados como melhoria no desempenho da faculdade e aprendizado de línguas em períodos curtos.

Reunindo todo esse conteúdo e aprofundando a pesquisa dos conceitos, eu escrevi um livro inteiro a respeito, mas já falo disso. Antes, eu quero mostrar apenas três maneiras simples (dentre as várias) pelas quais a ciência e uma boa metodologia podem melhorar seu aprendizado.

1. Entendendo como a mente guarda informações para o aprendizado

Aprendizado Cérebro

Cortar o cérebro ao meio não vai nos ajudar a entendê-lo, sinto muito. (Foto: biologycorner)

Se você parar uma pessoa qualquer na rua e perguntar qual é a maior dificuldade que ela possui durante o processo do aprendizado, ela vai dizer que é com o “decoreba”.

Ao estudar temas que necessitam de bastante memorização, as pessoas não sabem outro modo de “fazer o conteúdo entrar na cabeça” além de repetir frases para si mesmas várias vezes. O que, claro, consome bastante tempo e leva à frustração, já que não o conteúdo não assenta de modo adequado e o acontece um aprendizado de baixa qualidade.

Isso se passa porque não há um entendimento de como a mente armazena as coisas. Quando você entende como o processo funciona, passa a enxergar como o decoreba é ineficiente e adota estratégias com melhores resultados.

Já discutimos aqui um dos modelos mais populares utilizado para explicar a memória humana, mas para quem não quer clicar no link, cabe uma revisão rápida.

  • A memória sensorial é uma região simples, que funciona como filtro, onde nossos sentidos mantêm tudo que é captado antes de transferência do que é importante para a atenção consciente.
  • A memória de curto prazo está ligada com aquilo sobre o qual estamos pensando em cada momento. Ela possui um caráter efêmero e é bastante limitada, mantendo apenas entre 5 e 9 itens ao mesmo tempo. As memórias existem enquanto estivermos prestando atenção — ao mudar o foco, eles são perdidas irrevogavelmente.
  • Por fim, a memória de longo prazo é onde guardamos as informações em caráter permanente; esta é virtualmente ilimitada.

Quando estamos estudando, o que acontece?

Ao nos depararmos com um conteúdo novo, ele é manipulado pela memória de curto prazo: durante a leitura (ou em uma aula), estamos pensando a respeito do conceito, como ele faz sentido, como ele se aplica. Se quisermos lembrar dele depois de uma hora, no outro dia ou na hora da prova, é necessário transferi-lo para um armazenamento permanente.

Há várias técnicas para fazer isso e qualquer uma delas vai envolver um ou mais dos seguintes cinco elementos: chunking, repetição, imagens, mnemônicos e codificação.

  • Chunking significa quebrar o conteúdo em pedaços que tenham algum significado. Por exemplo, primeiro separar os estados brasileiros em regiões diferentes para depois memorizar as capitais de cada um.
  • Repetição é autoexplicativo. Repetir ajuda, mas por si mesma não dá conta.
  • Imagem se trata de criar figuras mentais para guardar informações, já que nossa memória para imagens é bastante superior.
  • Mnemônicos são qualquer técnica que ajude com memorização, como a criação de músicas, siglas e frases que facilitem o armazenamento — como as frases que contêm os elementos da tabela periódica (“Helio Negou Arroz a Karina e Xerem a Ronaldo.”).
  • Codificação é buscar entender os princípios, aquilo que há por trás da informação que precisa ser guardada, para que você possa codificá-la de modo mais prático. Por exemplo, ao invés de memorizar todas aquelas formas de trigonometria (sen²x + cos²x = 1 , tan²x + 1 = sec²x, etc.) aprender como deduzi-las (é bem mais simples).

Quanto mais elementos desses forem envolvidos, mais eficiente será o modo de formação de memórias. No caso do modo tradicional de estudo, ele só envolve um, a repetição, criando memórias rasas e deixando de lado todo o potencial disponível. Mas, se quisermos utilizar na prática, como funciona essa alternativa ao decoreba?

Digamos, por exemplo, que estejamos estudando biologia das células e chegamos ao estudo das organelas. O procedimento comum seria quebrar o assunto em frases a serem memorizadas:

  • “A subestruturas das células são chamadas de organelas”
  • “As organelas eucarióticas mais importantes são o cloroplasto, os retículos endoplasmáticos, o complexo de Golgi, a mitocôndria, os vacúolos e o núcleo celular.”
  • “A função da mitocôndria é produção de energia para a célula”
  • “Os retículos endoplasmáticos aparecem em dois tipos…”

Sem uma compreensão profunda ou modos alternativos de olhar para as mesmas informações,o aprendizado do tema se torna associações simples entre termos sem significados que são guardadas apenas porque são repetidas indefinidamente. Um esforço similar seria eu pedir para você memorizar os pares: §aasd&*24( junto a 5whebu0#$t e lç35@#45[; junto a +$@#ft56[!.

Nosso cérebro evoluiu para enxergar padrões e significados; fornecer elementos sem conexões aparentes e aleatórios para ele guardar simplesmente não funciona. Mesmo participantes de campeonatos mundiais de memória usam os elementos descritos mais acima para atribuir significado aos itens aleatórios que memorizam; caso contrário, seria impossível.

Para o nosso estudo de organelas, haveria várias possibilidades, dentre elas:

  • Ao estudar detalhadamente a função de cada uma delas, traçar paralelos com, digamos, o corpo humano. O ser humano precisa respirar (usar oxigênio para obter energia), as células também e usam as mitocôndrias para isso. Precisamos digerir os alimentos, mais ou menos o que os lisossomos fazem para as células. Daí em diante.
  • Usar imagens vívidas, combinadas com nossa avantajada memória espacial para, por exemplo, colocar uma organela em cada vão de sua casa, comportando-se de um jeito engraçado. Mitocôndrias no quarto brincando com tanques de oxigênio, lisossomos devorando a comida da geladeira, complexos de Golgi no banheiro…
  • Criar uma frase ou uma música para ajudar a associar cada item a sua função principal (como exposto para a tabela periódica).

Quando você entende como a memória funciona, o aprendizado fica mais simples, já que as possibilidades se expandem: repetição simples? Não mais. Agora há vários elementos que você pode adicionar no processo de estudo para aumentar a qualidade do aprendizado.

2. Descobrindo A Melhor Forma de Ler (Não É Mais Rápido!)

Aprendizado Leitura

Não precisa ativamente amassar os papeis também, né? (Foto: Thomas Leuthard)

Diante de tudo aquilo que precisamos processar todos os dias, a leitura é o modo de contato mais comum. Precisamos ler a respeito do assunto que estamos estudando na faculdade, ler a respeito das regras da gramática inglesa que praticamos em casa, ler as notícias na internet, sem falar dos livros que lemos em busca de crescimento.

Como as demandas da vida moderna são cada vez maiores, o raciocínio natural é: “se eu puder ler mais rápido, vou poder entender de modo mais veloz e alcançar mais durante o mesmo período de tempo”. Daí surgem pessoas oferecendo cursos maravilhosos para ler mais rápido, que adoram usar termos como “fotodinâmica”, “quântico” e outras palavras sem sentido mas que parecem bem difícil e por isso devem ser verdade (só que não).

A realidade é que sim, você pode ler marginalmente (um pouco) mais rápido. A questão é ler mais rápido não vai resolver seu problema de aprendizado. A menos que você tenha alguma deficiência de leitura — talvez por pouca prática ou problemas de visão — e sua velocidade esteja abaixo das 200 palavras por minuto (ppm) para um texto normal, o mais provável é que seu problema não esteja com a leitura, mas com a compreensão do que lê.

A primeira coisa a fazer é saber objetivamente qual é sua velocidade de leitura hoje. Para tanto,

  1. Pegue um cronômetro e abra uma página qualquer da internet, de preferência que você nunca leu.
  2. Marque 3 minutos no relógio e comece a ler de modo normal.
  3. Ao concluir, copie o que foi lido em um documento do Word e observe no canto direito da tela a quantidade de palavras lidas.
  4. Divida o número de palavras por três e repita o processo mais duas vezes para ter uma média.

Tendo em mente que a velocidade varia com o tipo de texto, com o assunto sendo lido e com o meio (no papel é mais rápido), qualquer medida tomada é algo bem aproximado. Mesmo assim, se você tem uma velocidade abaixo de 200 ppm, é de seu interesse buscar como melhorá-la, já que você está abaixo da média geral, que é por volta de 250 e 300 ppm para prosa. Qualquer coisa acima disso é ótimo.

Lembre-se: ninguém passa na faculdade ou ganha uma vaga de concurso porque leu mais rápido. Se sua compreensão não melhora, ler mais rápido é algo inútil. Além disso, você ganha muito mais tempo escolhendo ler apenas o que é importante, como veremos no próximo tópico.

Todavia, se estamos falando de compreensão, o que fazer para melhorar a leitura? No livro, eu compartilho um passo a passo extensivo, porém eis alguns pontos principais:

I. Leia com frequência e variedade

Como eu expliquei aqui:

Em seu famoso livro Como ler livros, Mortimer Adler (resumo aqui) fala sobre os vários tipos de leitura. O mais básico, que aprendemos durante o processo de alfabetização, é a leitura elementar; simplesmente juntar letras em palavras e palavras em frases. Você pode ficar mais hábil na leitura elementar com prática simples. Leia tudo, até mesmo bula de remédio (como diz minha mãe). Quanto mais você ler, melhor e mais rápida será sua leitura elementar. […]

A leitura analítica, aquela que fazemos quando estamos realmente lendo algo (aprendendo, extraindo conteúdo) se beneficia tremendamente de contato constante com ambientes diferentes, como ficções históricas, livros técnicos, poemas, tratados militares e poesia de cordel. Isso faz sentido se você pensar em termos de zona de conforto: para quem lê apenas romances, um livro de poesias é um stress que vai forçar a pessoa a sair da zona de conforto (e entrar na zona de aprendizado), se adaptando e melhorando. Quanto mais você variar, melhor.

II. Treine identificar a argumentação e os fatos importantes no que está sendo lido

Se você tem que alguma experiência escrevendo textos, mesmo que sejam dissertações, sabe que boa parte das palavras e ideias utilizadas são acessórios para expor os pontos principais. Identificá-los e focar na compreensão destes traz resultados mais rápidos do que dividir a atenção igualmente sobre todo material escrito, que invariavelmente, também cobre pontos desnecessários para seu entendimento.

III. Assuma uma postura ativa perante o texto

Os fatos na memória de longo prazo não ficam empilhados como livros em uma prateleira ou organizados como carros em um estacionamento. Para o cérebro, os blocos básicos de informações são os schemas, que são pequenos pedaços da realidade.

Você possui um schema para representar um carro, outro para melancias, outro para elefantes. Conforme você vai aprendendo novos assuntos, seus schemas vão enriquecendo e se expandindo. Com dois anos de idade, uma bola para você era algo macio que podia ser chutado; hoje, o schema é mais complexo, sendo ela um objeto esférico utilizado em incontáveis esportes, cuja área e volume podem ser calculados.

Essa forma de organização das informações indica a importância da criação de conexões durante a leitura e o processo de aprendizado per se, já que o conhecimento na mente está mais próximo de uma rede do que de uma linha.

Quanto mais conexões entre os pontos dessa rede, melhor o aprendizado. Ler com atenção, buscar por exemplos pessoais, conectar os conceitos lidos a fatos já conhecidos (escrevendo-os no papel, de preferência), registrar a compreensão de autores diferentes sobre aquele mesmo ponto, todas essas são boas práticas para melhorar sua compreensão na leitura.

3. Decidindo O Que Estudar, Não Só Como

Aprendizado Livros

Agora é só escolher por onde começar (Foto: sleepyneko)

O que poucos estudantes percebem é que o ato de se preparar para uma prova, seja de faculdade, de colégio ou (e principalmente) de concursos públicos, é um projeto no sentido formal da palavra e pode ser tratado como tal.

Saber como se organizar, o que estudar primeiro, como dividir o objeto em pequenos passos, todas essas são habilidades importantes que podem ser trazidas do universo do gerenciamento e da administração para o campo do aprendizado.

Por exemplo, se você está estudando para um concurso bancário, não importa o quão rápido você leia, estudar sobre as legislações que regem o atendimento ao cliente não vai ajudar de modo prático para a aprovação, mesmo que esteja esse assunto esteja no edital.

Por quê? Embora seja um conteúdo a ser cobrado, esse ponto do assunto é apenas uma parte de um dos módulos contido em uma das matérias específicas, o que no final das contas, corresponde a. digamos, menos de 1% de sua nota final.

Enquanto isso, português, que sozinho corresponde a 25% da prova (ou seja, é 25x mais importante do que aquela legislação), está sendo negligenciado. Temos essa tendência inconsciente de estudarmos mais aquilo com que estamos mais confortáveis, pois passa a sensação de domínio do assunto, ao invés do que é mais importante para o resultado final.

Tim Ferriss, autor do livro O chefe de 4 horas, introduziu a busca por eficiência no aprendizado com a parte introdutória de seu livro, discutindo o meta-aprendizado. Meta é um prefixo que faz significa fazer referência a si mesmo, então meta-aprendizado equivale a aprender a aprender. No começo dessa sua obra (que na realidade é um guia de culinária), Tim fala sobre desconstruir seu objetivo, selecionar as partes mais importantes e ordená-las de modo inteligente.

Essa curta introdução foi importante por despertar a urgência nas pessoas de se organizarem melhor quando se engajam em qualquer processo de aprendizado. Contudo, como qualquer introdução, é incompleta: fala da importância da desconstrução, mas não diz como fazê-lo. Ou fala da importância de aplicar o princípio de Pareto (também conhecido como Princípio 80/20), mas não diz como nem quais critérios utilizar. Felizmente, acredito ter feito um bom trabalho ao lidar com essas faltas e expandir o conhecimento sobre eficiência em um dos pilares do aprendizado.

Para quem não conhece o grande salto na qualidade do estudo que é possível com bons modos de gerenciar o projeto de estudo, seguem alguns exemplos.

I. A melhor forma de estudar vocabulário de inglês

Aprender palavras novas durante o estudo do inglês é uma das partes mais entediantes, porque encontrar um vocábulo que você não domina fica diretamente associado ao ato de parar o que está fazendo e buscar abrir um dicionário. Eu sei como é frustrante, pois antes de dar meu jeito de aprender inglês, passava por isso numa base constante.

O mais curioso é a abordagem das escolas de línguas: ensinar as palavras com base em “contexto”. Você aprende primeiro as cores, os números, depois roupas, objetos dos vários diferentes cômodos, profissões, estações do ano, daí em diante. Olhando de fora até parece fazer algum sentido; afinal de contas, melhor aprender a palavra “colher” perto de “garfo” do que próximo a “cavalos”.

O problema, contudo, é que “nem todas as palavras nasceram iguais”. Ou seja, nem todos os termos da língua possuem a mesma importância para o falante: alguns são ridiculamente mais utilizados que outros. Tanto que as 100 palavras mais comuns da língua inglesa correspondem a 50% de todo material impresso. Conhecer esse grupo utilizado com mais frequência tem precedência sobre qualquer outro, já que serão os vocábulos praticamente onipresentes.

Outro ponto envolvendo a frequência: ao invés de estudar aquela famosa tabela de verbos com passado simples e particípio passado irregulares, focar nos 25 ou 50 mais utilizados é mais inteligente. Afinal de contas, que utilidade tem saber um verbo irregular que nunca é usado?

II. Como abordar a gramática de uma língua

A ideia de buscar palavras por frequência ao invés de contexto é bem poderosa e foi essencial durante meu desafio de aprender espanhol em 30 dias. O bom é que ela pode ser expandida para além do vocabulário, incluindo outros fatores da língua.

Em meu caso, precisando estudar espanhol e depois de analisar como a língua é estruturada, desconstruí a gramática em termos de uso/importância (pdf resumido). Desse modo, pude começar a estudar por partes mais úteis e mais conectadas à compreensão da língua como um todo, muito mais do que se tivesse seguido à ordem sem sentido das gramáticas populares.

III. Ordenando os conteúdos a serem estudados em um concurso público

Uma pergunta simples: como você decide o quê e em que ordem estudar os conteúdos?

Eu observei que a tendência geral das pessoas é focar naquilo em que possuem deficiência. Se nos mantivermos com o exemplo do concurso bancário, para alguém bom em matemática, o impulso é estudar as específicas, que é seu ponto fraco. Ou uma pessoa boa em contas mas ruim em lógica tentará lidar com sua deficiência.

Essa abordagem para concursos públicos comete o mesmo erro que a abordagem de estudar vocabulário por contextos traz para o estudo de idiomas: ela assume que as partes do estudo possuem igual importância, e, portanto, que o esforço deve ser igualmente dividido. O que é, claro, falso.

Não importa qual seja seu domínio na matéria, se ela constitui metade da prova — como ocorre com português e matemática normalmente em concursos bancários — você precisa dominar aquele conteúdo, ponto final. Não se trata de tentar polir todos os seus lados de modo que você fique igualmente bom em tudo; trata-se de descobrir quais são os lados mais importantes para a aprovação e focar neles, independente de aptidão prévia.

Um dos trabalhos focados que faço com alguns clientes de consultoria que estão se preparando para concursos públicos é garantir que eles alinhem o esforço na direção que trará o máximo de resultados possível. Para tanto, é necessário descobrir:

  1. Qual é a distribuição de peso para a nota final e estudar de acordo.
  2. Dentro de cada matéria, pesquisar quais são os assuntos mais comuns nas últimas provas tanto dos últimos concursos quanto das últimas provas feitas pela organizadora e distribuir seu esforço proporcionalmente.

No mais, se você tiver dúvidas sobre como aprender mais rápido e melhor, estou à disposição para tirá-las nos comentários logo abaixo.

P.S.Se você quiser descobrir os segredos para passar em provas, concursos e aprender outros idiomas em tempo recorde, clique aqui para conhecer o curso Como Aprender Mais Rápido.

Paulo Ribeiro

Paulo Ribeiro é empreendedor e um estrategista moderno. Autor do livro Os 7 Pilares do Aprendizado, escreve no Estrategistas sobre a criação de uma vida mais feliz e significativa, e tem uma lista mensal com recomendações de leitura.

8 Comments

  1. Fala Paulo, blz ?

    Ultimamente tenho sentido muita falta de organização na minha vida, e isso tem me afetado nos estudos, leitura etc. Sou bastante disperso, qualquer coisa me faz tirar o foco de algo.

    Li um artigo do Elton Minetto muito interessante sobre a falta de conhecimento no nosso dia a dia. Estou começando a entender como funciona meu dia, em quais horários sou mais produtivo, criativo etc.

    Creio que com as técnicas apresentadas por você e com o entendimento do meu dia a dia tenho como melhorar esses meus pontos fracos. Comprei um livro faz uns 4 meses e até agora não consegui passar do 2º capítulo. Acho que já comecei a ler umas 2 ou 3 vezes. Irei focar agora aplicando todas as técnicas de leitura e estudo para que eu possa finalmente finalizar a leitura e partir para o próximo livro.

    Achei sensacional a média de leitura por minuto, fiquei empolgado pra saber qual a minha média :P

    Sensacional seu artigo ;) Abraço !

    Aaa, segue o link do artigo mencionado: http://eltonminetto.net/blog/2014/04/25/conheca-o-seu-dia/

    Responder
  2. Muito obrigada por publicar este artigo. Me chamou atenção sobretudo, as duas primeiras formas de melhorar a aprendizagem, quando apresenta-se: “Entendendo como o cérebro guarda informações” e “Descobrindo a melhor forma de ler”. Sua argumentação está bem didática, sendo uma expressão muito positiva para mim, enquanto licenciada.

    Explicitar a diferença entre os tipos de memórias e como explorá-las para otimizá-las, é uma significativo favor. Além disso, também percebo contribuições marcantes, nos tópicos concernentes à: identificação dos argumentos principais de um texto, como também, o que incentiva a postura ativa para leituras.

    Buscarei me ater no terceiro tópico, assim que recomeçar meus estudos de idiomas. Então é isso. Sucesso sempre para você, à toda equipe que publica posts aqui, e aos membros que se cadastram porque buscam aperfeiçoar competências e até dispostos a desenvolver novas aptidões. Aqui é uma ponte. Um site bom D+.

    Responder
  3. só quem quer chegar em algum lugar pode similar a importância do conteúdo dessa pagina p/sua vida de aprendizagem.

    Responder
  4. Ótimo artigo, fiquei fã do site!

    Responder
  5. Muito bom. Gostei muito!

    Responder
  6. Pelo que entendi, é focar no que de fato é importante, e organizar o que precisamos aprender. Uma forma pragmática para desenvolver o estudo de um idioma.

    Responder
  7. Parabéns! Vc por acaso não é coach de concursos agora? Muita gente iria querer sua ajuda!

    Responder
  8. Otimo! Tirou muito as dúvidas que tinha a respeito do aprendizado.

    Responder

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

2.962 members Ícone do Desafio

Não perca essa oportunidade:
Comece a mudar agora mesmo

Basta um clique no botão abaixo: